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Não temos toda a informação...

Quando uma história sobre uma criança em risco nos chega às nossas mãos somos impelidos a tentar saber mais. Quando por razões profissionais temos que ser agentes na história dessa criança, parece que a informação que dispomos nunca é a suficiente. Por vezes vemo-nos a tentar solicitar inúmeros relatórios de forma a tentarmos ter um puzzle intelegível.

Este nosso comportamento é perfeitamente compreensível, só que se depara com uma impossibilidade de raiz. A vida de uma criança não se resume a três ou quatro relatórios. Neste sentido deixo a proposta que devemos em determinado momento tentar encontrar caminhos e respostas nos dados que dispomos, olhando para dentro de nós e usando a nossa cabeça para elaborarmos um sentido para a história que temos à nossa frente.

Esta minha proposta é obviamente polémica. Implica admitirmos em primeiro lugar que não temos o controlo completo do puzzle do caso, existem sempre peças que faltam e que por isso existe sempre incerteza. Em segundo lugar implica admitirmos que o lugar onde o sentido se ganha é interior, íntimo e por isso subjectivo. Em terceiro lugar o meu desafio levanta a questão: como é que a minha intersubjectividade, os meus valores, preconceitos e normas culturais, condiciona a maneira como construo o puzzle que é do outro?

Para minimizarmos estas questões parece existir um só caminho. Sabermos muito bem o que é nosso e o que é do outro. Ao mesmo tempo que publicamos esta distinção em grupo de trabalho e em grupo de supervisão.

É bom termos presente que os instrumentos objectivos só são úteis como parte do processo de avaliação, eles não são a avaliação por si.

PVS